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sábado, 8 de março de 2014

Manuel Bandeira: Vou-me Embora pra Pasárgada








Vou-me Embora pra Pasárgada

Manuel Bandeira

©
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive




E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

(Manuel Bandeira)





BANDEIRA, Manuel. Bandeira a vida inteira, Alumbramento: Rio de Janeiro, 1986, pág. 90


Obras-primas da literatura Brasileira - Bernardo Guimarães, Aluísio de Azevedo, Domingos Olímpio, Franklin Távora, Joaquim Manuel Macedo, Lima Barreto, Raul Pompéia, José de Alencar, Inglês de Souza, Manuel Antônio de Almeida, Machado de Assis & Visconde de Taunay







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